NAVIDAD

O mundo – este Mundo – segue vertiginoso. E arrasta-nos…. Numa vaga imensa – qual turbilhão….
A ânsia que se apodera de nós ao longo dos minutos com que vamos tragando os dias, desagua lenta neste mes de ânimo e paz. Uma paz podre, mas paz….
Num assomo, o branco gelo com que se pinta a vida vai aquecendo….e tece rodilhas de trapos feitos com barbas de Pai Natal
Tinha um nome agreste de simples que era.....

De novo o negro….
PAUSA!!!!!!!!!!
Preciso….
Preciso de aragem nova que me rasgue os pulmões e me devolva a vida!
Cansei-me!
Cansei-me de tudo.
E porque raio havia de descarregar em cima de vocês a hipocrisia da Vida??????
A minha falta de horizonte….O sentir que não pertenço aqui….Este acordar constante neste cubo vítreo e minúsculo que me acirra ao desgosto….que me sufoca para alem do razoável….
Porque raio vos havia de atar a mão e arrastar-vos para o fundo do abismo????
Não uso relógio. Não preciso….sei de cor todos os segundos….todos os milésimos de pedaços de tempo repetidos no limite da exaustão….
Aos poucos vou-me esquecendo do doce que era amar…. Esse sabor agridoce que nos arrebenta com a razão….Lembro-me dos dias em que me apaixonava por tudo.
Dos dias em que era anjo negro de alguém….
Quando o tempo era metamorfose de perfeição.
Enterrei vivo a criança que vive na íris do meu olhar…..
De tantas chapadas de fingimento que lhe deram….
Tantas…..
Um dia acordamos com o cabelo rapado, com a pele da cara cheio de penugem esbranquiçada e não nos conhecemos no espelho. E de lá vem um apelo á salvação. Uma mão nossa cheia de nós! Que nos arrasta para dentro do reflexo….e nunca mais teremos coragem de entrar…..
Ficamos velhos de tanta cobardia….
Os vasos capilares deixam de ter primavera. Soltam cabelos finos e brancos de geada . Que já não cobrem por completo o escalpe….
Na orvalho da noite em horas que o demo se apodera da alma, soltamos lágrimas amargas pelo rosto sulcado de dor…
Fica! Diz me a voz do outro lado do espelho!
Hoje não quero passar o resto da noite só! Fica mais um minuto que seja!
Ajuda-me! Tira de mim o peso amargo da vida! Despe-me! Rasga agreste toda a minha vestimenta de agrura! Canta para mim! Recorda-me o sabor da vida!
Fica!
Levanto-me….
Somos demasiado diferentes! Temos o mesmo sangue, a mesma saliva, mas o olhar já não é o mesmo!
Colas a mão ao vidro frio na esperança que encoste a minha!
Já não sei quem tu és….
Somente quem foste!
Quem fomos….
Haveremos de desaparecer no mesmo dia! E nesse dia seremos o milagre….
Estendo os braços em cruz no meu tronco nu.
Sou eu a voz que me alerta no lado doce da vida. Sou eu o menino de mim mesmo que não desiste!
Por mais farpas de sangue que me inflijas…. Por mais noites de solidão que me proporciones….
È meu o teu coração que bate…no ritmo cíclico do segundos miséria que pintas….
Também não uso relógio… meu tempo é passado à tua espera….
E um dia… acabaremos por nos entender!
Para já….fica o contar dos dias longos….
Como beijos de salvação….

na ténue esperança da fusão.....
E aí sim.. por fim....seremos Natal!



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Para TODOS , sem excepção , Votos de UM NATAL FELIZ!

Vosso

Paulo Santos

(pS. Obrigado por tudo!!!!!)