Resíduo atómico - 32 anos depois

Volto a olhar para trás.

Era eu pouco mais que um miúdo…peço-lhe que espere uns momentos enquanto tento acabar estas letras.

A imagem à minha frente conta-me estórias. Eu ali, a olhar para mim, passados vinte e nove anos. Os meus tempos da música. Dizer música é um insulto. Mas hoje passa. Desculpem. Volto ao trilho e à viagem. Meados de mil e novecentos e noventa e um. Meia dúzia de “putos” vindos de todos os cantos do Vidago para formar uma banda . Um grito fugaz para acabar com a ameaçadora quietude dos dias. Num Vidago que sempre existiu. Para estas letras de nada me serve voltar lá. Importo-me somente com a beleza das coisas. Os “putos” conseguiram. Não falo de sucesso. Apenas o conseguir. Pegar numa ideia e depois dar-lhe vida .À queima-roupa, sem rede! O resto guardo para mim.

São histórias e viagens, risos e dias, camaradagem. Amizades para uma vida! Um porto de abrigo para que, entre duas fumaças num cigarro, se conte uma piada, se desmonte uma história, um disparate, um copo ou um palco. Continuamos por lá a entreter o mundo. Bons tempos? Tempos que já não voltam isso sim!

“Boa noite … daqui Resíduo Atómico de Vidago” … O Correia de um lado, Xande e o mano Miguel do outro o Augusto lá para trás com os pauzinhos e o Costa no velho Bontempi. Ao fundo, no som , o Carlos e o Marinho...Faltam mais ,mas isso é outra história que merece ser contada! Agora o povo quer dançar.... The show must go on!

Retorno aos dias.

Que me diria, agora, o puto inquieto que no retrato me olha?

Nada. Nada a não ser recordar-me esta alma repleta que carrego.

Fica ,pois , por aí … exatamente no lugar onde deves estar.

Se te pedi que esperasses ....foi para te agradecer!

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Paulo Santos

"No farol de meus dias" - Cordel D' Prata

 

Aos membros e fundadores do grupo Resíduo atómico. 

A todos os que connosco estiveram na estrada!

 

Banda Resíduo atómico - Vidago - 1994