Entre o sonho e o homem que emerge das ruínas.

Nota de autor : Por algum lado havia de começar esta nova estrada. Faço-o com este livro de poesia. Uma analise pessoal e transmissível que não pretende, nunca, ser critica literária. Apenas alimento, porto de abrigo, ao longo destes caminhos. 

 

Quando me chegou ás mãos este novíssimo livro do poeta, e amigo, Pedro Miguel Santos, desfolhei página a página com expectativa. Com o sugestivo titulo : “Após a Atlântida” , o mesmo vem dar continuidade à passada, firme e segura, do autor. Depois de me ter deliciado com a sua anterior obra  “Moria e Solidão “ (então a sua segunda obra editada) que, a meus olhos,  veio dar alento à contemporânea poesia Lusa, complementando-a, aguardei esta obra anunciada! Daí a expectativa, e o perigo, deste novo passo. 

Sosseguei: Não defrauda! Aponta, firme, rumo à Foz! 

A premissa da viagem , pela bússola do autor, leva-nos à essência do homem e com ele aos seus tributos, atributos, mas também os seus mais recônditos medos. O misticismo que sempre nos habitou, e habita, assume a metamorfose de esperança num mundo, numa sociedade, tantas vezes à deriva, sem mar ou terra firme. Como se as Sereias naufragas da Atlântida, que mais não são que o mundo em busca - incessante - da sua identidade, assumissem a génese coletiva e todos os seus assomos. Depois, encarando no espelho essa condição, humanas, carnais, se definam. A apetência humana para o bem e para o mal, como pináculos que a sustentam, levam sempre a um conflito connosco e com o semelhante. Porém, na maré baixa , avistemos as ruínas da Atlântida. Dos gritos lancinantes, que ainda ecoam, da sua derrocada. Sirenes que não fazem outra coisa senão contá-la, apegando-se dolorosa,vertiginosamente à vida e às coisas. Amando por isso todos homens e acima de tudo o bem que deles emerge. 

Ninguém teria coragem de juntar o pó, separar as águas, emergir um continente se da sua semente não surgisse um homem melhor, mais fraterno e mais justo!                                       Que, acordado, de novo aprenda a sonhar! 


 Acordaremos num dia de luz, 
Ou porventura a escuridão será eterna?
 Vemos por um lado sinais do fim, 
O paradoxo do anoitecer da luz... 
Anoitece na terra! 
Amanhecer vendo a terra lá distante, 
De um outro corpo celeste... 
Anoitece na terra, 
Na fuga do paraíso nosso, 
Para o inferno de todo incerto... 
E a luz mais distante, 
A luta para manter a centelha humana, 
Que noutro mundo alvorece! 
 
(extrato do poema”Anoitece na Terra”)

 

Este Livro, dando continuidade à obra do poeta, torna-se a certeza que a poesia Lusa está viva! À espera de ser resgatada!  E isso só pode acontecer separando as águas. O trigo do Joio. Para que se aplaudam e apoiem os poetas na verdadeira dimensão - e sentido - da Palavra. Uma palavra especial para o Márcio Silva, prefaciador deste livro: Brilhante prefácio! 

Livro recomendado!

 

Titulo: Após a Atlântida
Autor : Pedro Miguel Santos
Editora : In-Finita
Género : Poesia
Abril de 2024
ISBN: 978-989-9143-79-1
 



 

 

Comentários

X@n@ disse…
Parabéns ao Paulo e ao Poeta que vou querer conhecer.
Gosto muito do teu regresso a esta tua casa meu caro Paulo.
Catarina V. disse…
Bravo. O apoio entre escritores/poetas. Pontes para um mundo melhor.
Augusto Lopes disse…
Ode posso adquirir o livro?

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